quarta-feira, 22 de maio de 2013

Meu canto
                                          Adriano Paiva

Mi alembro bem do cheiro de torresmo
de couve fogada
minha mãe na cozinha o almoço apreparava
pai cercava as galinha pra mode não fugi
eu sentado
com os pé tudo rachado
de corer por ali
me matava de ri com um tombo de um colibri
o bambuzar cantava uma melodia com o bater da ventania
meu carrinho era feito de sabugo
meu viver era tão simples

nesse dia tão bunito
vem logo seu Dito
a dizer para o meu pai:
- Seu Zé vá se embora que aqui já não dá mais

eu fingi que num escutei
fui chorar perto do muinho
catei um punhado de mio
joguei para cima como se quisesse
fazer mágica
e me a desaparecer

meu oio se encheu de lagrima
eu ja sabia que na cidade
num tinha tombo de colibri
o sabugo ia se ficar por ali

os bambuzá num ia mais canta
na cidade eu já via 
lá é cada um por si
lá num tem muinho
só tem mesquinho

lá num é meu lugar
lá é que não dá!!!

por isso pai vamo fica
aqui tem terra pa nos planta
teu o colo da mae
tem leite com fubá
eu não quero mas nada
eu so quero aqui ficá.

sexta-feira, 17 de maio de 2013


Deusa Telemática

Adriano Paiva

Coração bobo,
inebriado fico com você
Sente amor, ou atração por quem nem viu?
Numa tela de computador
quanta força há em vocábulos que a gramática desconhece,
bjs é beijo,
tc é falo com você.

O meu eu cria cada situação
Minha mente consegue fazer sua foto dizer:
Te amo!

Amor virtual,
Nem sem se me queres,
nunca senti seu perfume, 
nunca senti sua pele;
Seus cabelos por entre os dedos de minhas mãos;
Nem a junção divina de seus lábios ao meu;
nem a lagrima da emoção de sentir o seu amor
fisicamente, é claro!

Na tela fria do meu computador
vejo sua foto,
quisera um dia as fibras óticas,
satélites e ondas
depositassem você ao meu lado.
Mesmo que fosse uma imagem holográfica
Padrões de três dimensões
para que eu vesse sua forma escultural

Pego-me com o rosto nesta tela, fria e sem forma
somente para em minutos divagar :
como seria te tocar, amada.
Um dia
Talvez
O Homem invente uma maquina que trasporte seu átomos
desintegre-a e a integre-a a esse coração
que sofre
Por você.

Nasceu este poema às 2325 do dia 17 de Maio de 2013, foi uma viagem sem muita classe e nem engenharia, foi uma digitação abstrata. 

terça-feira, 14 de maio de 2013

Escola para Todos



Adriano Paiva


          O processo de ensinar e aprender acompanha a vida de forma geral desde a sua gênese. Tanto no reino animal quanto no humano este processo esta presente – um pássaro é empurrado do ninho para que aprenda a voar, uma criança primitiva, pelo processo de observação, aprende a caçar, nadar, entre outras atividades.
          A educação passou por várias fases no decorrer da história da humanidade, ora como uma atividade para poucos, ora para todos. Sofreu a era das trevas e das luzes, cresceu e se desenvolveu ao ponto de se institucionalizar no que chamamos de escolas.
          Foi na Era Medieval, dita era das trevas, que a educação tomou um espaço para unir alunos em busca de conhecimentos, mesmo que esses ensinos fossem apenas voltados para uma formação religiosa de párocos, ainda sim era o estopim do que estaria por vir. Nesta fase tivemos a escola paroquial, voltada para os padres, para o ensino religioso, desprovida de aspectos sociais, econômicos e culturais. Mas não poderia permanecer em uma redoma de proteção e tomou um aspecto mais aberto; embora muito controlado pela Igreja Católica, alcançou os filhos da nobreza e chamou-se de Escola Monástica.
          Após as escolas monásticas, tivemos a escolas palatinas que, fruto da visão de Carlos Magno de desenvolver a educação, abrangia novas disciplinas, as quais deram luz ao trivium e ao quadrivium, aquela com as disciplinas de gramática, dialética e a retórica; esta com as disciplinas formais de aritmética, geometria, astronomia e música, mais tarde a medicina.
          Até agora observamos que a Igreja católica e seu cristianismo, foram ativos na participação da educação, contudo seu caráter repressivo e o poder ditador de seu líder, fez com que alguns padres revoltassem e dessem inicio a um grande movimento de libertação – a Reforma. Os revoltosos foram denominados de protestantes. O movimento, apesar de seu caráter religioso, influenciou a educação, dando a ela um caráter mais liberal, voltando as concepções dos grandes filósofos gregos.
          Diante desse movimento a Igreja Católica reagiu com a Contra Reforma, viria anos difíceis e marcados por mortes cruéis aos revoltosos e “hereges”. Muitas ferramentas foram criadas para reprimir os protestantes, contudo uma foi muito positiva no campo da educação: a criação das Companhias de Jesus. Os integrantes de tal companhia foram chamados Jesuítas, embora fossem os aplicadores de penas e soldados dessa guerra santa, criaram um sistema muito organizado em torno da educação: a Escola Jesuítica.
          A Escola Jesuítica teve tanta influência na educação que até em nossos dias usa-se suas ferramentas de ensino. Esta escola prezava pela educação de líderes, pelo preparo de seus professores e um pragmático método de ensino, com revisões corriqueiras.  
          Após o Renascimento a educação e a escola como instituição teve influencias dos reis absolutistas, dos pensadores iluministas, da burguesia, que a adotou como meio de preparar sua mão de obra mais qualificada, voltada para o êxito econômico impondo padrões desumanos as nossas crianças. Teve ainda a influencia dos pensadores contemporâneos, com suas pedagogias liberais, tradicionais, tecnicistas e hoje, a busca da pedagogia do oprimido, dando mais chances aos menos afortunados.
          Com todo o exposto, podemos concluir que a educação institucionalizada, a escola, sofreu as influencias do meio, ou seja, caminhou com a humanidade. A escola não pode se enclausurar nos mosteiros, ganhou o mundo, e hoje é um sonho realizado de Comenius – A Escola é para todos. 

terça-feira, 9 de abril de 2013

Evocação do Recife

Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais
Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois
— Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura
Recife sem mais nada
Recife da minha infância
A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado
e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas
Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê
na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras
mexericos namoros risadas
A gente brincava no meio da rua
Os meninos gritavam:
Coelho sai!
Não sai!


A distância as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão


(Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão...)
De repente
nos longos da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.


Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe
— Capiberibe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras


Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou
a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe
— Capiberibe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô.

Ensino da Língua Portuguesa

Caros colegas vejam este programa que aborda o ensino da Língua Portuguesa.
material muito bom para este semestre.